sábado, 11 de dezembro de 2010

SOLIDÃO - O MEU CÔMODO PREDILETO


Quando você percebe que a idade vai avançando e aquele alguém não foi encontrado, assim como tantas pessoas especiais se foram sequer deixando rastro, a sensação interna é a de que ficou um buraco negro com força gravitacional suficiente para conseguir engolir até a luz. O mais interessante é que um buraco negro nada mais é do que uma estrela sem combustível que desabou no seu próprio peso - e peso é o que não falta - pois esses buracos cósmicos internos geralmente engolem muito açúcar e carboidrato.
Depois da fase megafísica astronômica rococó você simplifica a questão chamando o buraco de solidão, um espaço vazio, desocupado.
As etapas seguintes são diferentes para cada pessoa, mas neste post eu irei falar de uma opção empreendedora para preencher este vácuo.
Este espaço em branco e vazio é perfeito para uma poltrona de leitura, com uma mesa para colocar aquela taça de vinho de acompanhamento. As paredes, antes torturantes horizontes brancos, agora podem ganhar tons ao seu gosto, com cortinas nas janelas para cobrir aquele sol infernal. No canto um toca disco, para que você possa ouvir e colecionar seus adoráveis LPs. Dessa forma, cada canto deixado vazio por alguém que partiu ou que nunca chegou pode ser transformando no seu santuário, num aconchegante lugar só seu.
Depois de preenchido, o buraco deixa de ser de solidão e vácuo, passando a ser um lugar meticulosamente organizado ao seu gosto. Se o espaço que você tinha para um certo alguém foi preenchido, tente calcular como será se alguém ousar entrar nele?
Quem mexeu nos meus discos? Tenho ciúmes deles. Eu não quero mudar as cores das paredes, são minhas paredes internas e eu as pinto como eu bem entender. Porque você mexeu no meu quarto de bagunça? Era uma bagunça organizada e eu me achava dentro dele. Inferno, no meu reduto interno eu faço o que eu quiser quando eu bem entender - e mais - se for para eu ir naquela balada infernal para fingir que eu sou o cara descolado que eu não sou, que eu ganho o salário que eu não ganho, para balançar a bunda com a música que eu não gosto e rir das conversas que me deixam entediado, eu prefiro ficar aqui dentro fazendo as coisas que eu gosto e que me dão prazer, por isso, pode ir que eu não ligo, e eu ficarei ainda mais feliz se você não voltar, porque este puff onde você está é enfeite e eu não gosto de gente deitada nele ....

Conclusão, se o seu espaço interno for para alguém, na ausência de um inquilino você terá um espaço de solidão, mas se este espaço for preenchido para o seu próprio ego, a visita de alguém será uma importuna intromissão. Assim você aprende a viver sozinho.

Vou terminar este post com o pensamento do meu amigo Betinho:
Cara, uma mulher passou dos 25 e ainda esta solteira pode ter certeza, tem problema

Para eu não ser considerado machista vou mudar a coisa um pouco:

Passou dos 25 e ainda esta só, tem problema. Mas a solidão é a decoração que você escolheu para preencher o seu espaço vazio. Se incomodar é só mudar oras.